Sunday, July 26, 2009

Amid Amidi e o Cartoon Moderno


O Papo Animado com Amid Amidi, que aconteceu nessa quinta-feira, foi uma verdadeira aula de estética sobre os cartoons americanos da década de 50. Esse período é considerado por estudiosos hoje como um dos mais férteis da história da animação, considerando a originalidade do que era produzido até mesmo pelos grandes estúdios da época, como o de Walt Disney. A apresentação foi baseada no livro de sua autoria, o Cartoon Modern, um estudo que levou 7 anos de pesquisa e mais de 40 entrevistas com profissionais da animação para ser concçuído. Mas a sessão teve a vantagem da exibição dos curtas, que deu ao público do Memorial uma dimensão maior do que quando se vê apenas as ilustrações do material impresso.



Algumas das cabeças por trás do lendário UPA


Amid mostrou como se deu essa renovação e quebra de paradigmas estéticos através do trabalho de grandes desenhistas e diretores que aos poucos foram conquistando maior liberdade dentro dos estúdios. Alguns deles em breve integrariam a conceituada UPA (United Productions of America). Ward Kimbal, por exemplo, foi o único artista que, segundo Amidi, fora chamado de "gênio" por Walt Disney. Para se ter uma idéia da revolução que Kimbal implementou no estúdio, Amidi comparou em dois quadros um desenho do filme Peter Pan, em 53, e outro feito pouco mais de um ano depois:


Este em primeiro plano é um trecho de um filme que, nas palavras de Amidi, "é uma bíblia da animação em Los Angeles. Uma fonte de inspiração até hoje, pela riqueza na caracterização dos personagens." O curta se chama Toot Whistle Plunk and Boom, uma animação divertidíssima onde o Professor Coruja dá uma aula sobre a história da música, do homem das cavernas aos dias de hoje, explicando os quatro tipos básicos de instrumentos. Amidi explicou também a forma harmoniosa em que o design interagia com os movimentos, e a animação limitada a apenas algumas partes da cena criava um efeito cômico realçado, enquanto que dinamizava o tempo e o orçamento da produção.


Cena do clássico Toot Whistle Plunk and Boom, de Ward Kimbal.

Entre outros filmes exibidos, Amidi ressaltou a importância de artistas como Tom Oreb e Ed Benedict na criação de personagens como Zé Colmeia, Bob Pai e Bob Filho, etc, cujas formas e silhuetas são simples e eficientes, comunicativas. O estilo deles hoje influencia trabalhos comtemporâneos como Madagascar e Ren & Stimpy, de Tom McGrath. E a crítica que Amid faz a maioria das animações de hoje em dia é justamente o excesso de estilização, onde falta personalidade às figuras.


Um esboço do querido Zé Colméia vs. a hiper-estilização atual.

Como último filme da sessão, Amid Amidi selecionou o seu favorito. Fleubus, de Ernie Pintoff, traz uma abordagem mais introspectiva dos personagens, outra quebra de paradigmas em uma era onde a ação frenética e animais com atitudes humanas eram mais valorizados nos desenhos. Na animação, Flebus ama todo mundo e todos amam Flebus, exceto Rudolph. que recusa todos os seus presentes. Ambos procuram um psicanalista freudiano, que ironicamente dá o mesmo diagnóstico para os dois: “O seu prrrroblema é... você é neurrrrótico!”:


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